A Areté, o ideal grego de formação social, que lançou as “bases” da democracia ateniense e consequentemente influenciou diversas sociedades ao longo do período helenístico e até mesmo do período romano, fora construído sob um modelo educacional conhecido como Egkýklia; que consistia em um estudo com disciplinas bem definidas e uma sequência cíclica, que o educando só faria parte do próximo período depois de completar o anterior. Destarte, o individuo só seria considerado um cidadão preparado para a vida social quando finalizasse todo o estudo da Egkýklia. Ora, muito mais além do que a inserção na democracia, o conhecimento que era produzido e ensinado, era importante para a própria acumulação de conhecimentos da própria humanidade. Nesse ínterim, podemos notar que antes mesmo das mulheres serem excluídas da cidadania grega, lhes era negada a instrução e quando ousavam superar esse obstáculo, eram desconsideradas ou seus estudos eram atribuídos aos homens. Além disso, muitas mulheres foram registradas como homens ou eram ensinadas apenas a como cuidar do lar e educar os seus filhos. A proposta deste artigo é apresentar parte do resultado de cinco anos de pesquisa a respeito da ausência feminina nos estudos cíclicos e a presença de muitas delas que romperam as barreiras sociais que lhes eram impostas.