Conforme Nascimento, Bezerra e Herbele (2011), os estudos acerca da multimodalidade e dos multiletramentos evidenciam a necessidade de compreendermos como outros recursos semióticos, que transcendem o verbal, estão inter-relacionados nos textos. Neste sentido, o que problematizamos é a relevância de realizar leituras que englobem diferentes unidades semióticas, como as imagens, que sendo textos, são dotadas de sentido. Por sua vez, a tirinha é um gênero textual de curta extensão, mas que possui muitas semioses, tais como simulações de movimentos, cores, enquadramento e distribuições de elementos que relacionam a linguagem verbal e não verbal de forma simultânea. No entanto, como ressalta Neves (2011), até mesmo nos livros didáticos, o que costumamos ver são atividades utilizando tirinhas para identificar aspectos gramaticais ou sentenças desconexas, tratando o texto como uma “peça morta”. Por isso, do ponto de vista metodológico, analisaremos tirinhas diversas, como “Armandinho” e “Dona Anésia”, dos autores Alexandre Beck e Will Leite, considerando os elementos multimodais dessas construções textuais, correlacionando e propondo formas didáticas de realizar leituras desses textos com alunos do 4º ano do ensino fundamental – anos iniciais. A hipótese levantada é que por mais que no 4º ano os alunos já consigam fazer leituras e produções textuais verbais, nem sempre essas práticas de letramento consideram a importância dos aspectos visuais. Para Clark e Mayer (2005) os alunos aprendem melhor fazendo conexões mentais entre imagens e palavras, de modo que centrar-se apenas no léxico pode resultar numa aprendizagem superficial. Por isso, para o desenvolvimento de leitores críticos e reflexivos acerca dos aspectos envoltos da língua é necessário que os discentes tenham uma visão mais ampla sobre a concepção de texto, não se prendendo apenas ao verbal, sobretudo, à escrita. Desta forma, é preciso que se trabalhe os aspectos multimodais de forma sistemática, tendo em vista sua relevância na sociedade.