Os Institutos Federais devem proporcionar educação profissional, científica e tecnológica considerando as diversidades sociais, culturais e da etnia brasileira, a fim de fomentar a formação cidadã e o desenvolvimento regional. Assim, uma vez que a cidade de Barra do Corda localiza-se em uma região maranhense integrada por comunidades indígenas (Canelas e Guajajaras), faz-se necessário um ensino intercultural que inclua tais povos, visto que o índice de evasão escolar de indígenas em instituições como IFMA é elevadíssimo. Nesse contexto, este trabalho propõe o desenvolvimento de estratégias que viabilizem o processo de ensino-aprendizagem de química em contextos interculturais e, consequentemente, assegurem o direito desses povos de acesso à educação, proporcionando redução das desigualdades sociais. Para isso, o conhecimento cientifico está sendo relacionado ao conhecimento tradicional indígena (não científico) por meio da reformulação, no caso adequação ao contexto intercultural, de tópicos dos conteúdos dos livros didáticos trabalhados de forma predominantemente ou puramente científica. Por exemplo, realizou-se em laboratório o processo de extração de pigmentos de frutos como jenipapo (jenipina) e urucum (bixina), comumente realizado por indígenas para pintura corporal e artesanato, para associar aos conteúdos de separação de misturas de solubilidade, polaridade e uma série de outros tópicos de química que podem ser adaptados para o contexto intercultural nos livros didáticos ou em outros materiais de ensino. Além disso, esses pigmentos estão sendo empregados na construção de modelos moleculares com talo de buriti, material disponível na floresta nativa onde indígenas vivem. Esses modelos representam a conformação espacial das moléculas, servindo para um estudo de suas propriedades, utilizando materiais acessíveis e presentes no cotidiano indígena. Por fim, propõe-se aqui uma nova abordagem à química, apresentando-a no contexto da vida dos povos indígenas, unificando o conhecimento tradicional utilizado por eles nas comunidades e o científico, contribuindo para com a inclusão dos alunos indígenas na instituição.