Esta comunicação apresenta um diálogo com os movimentos de ocupações de escolas para elucidar a questão da autonomia. Apresenta-se, como hipótese, que os estudantes que ocuparam escolas no estado de São Paulo desenvolveram uma crítica ao currículo e, com isso, viveram uma experiência de um currículo mais interessado às realidades deles, ou seja, experiências e vivências de formação de autonomia juvenil no Ensino Médio. A autonomia se torna chave para a leitura desse processo. Identifica-se e reconhece-se as experiências de autonomia juvenil no Ensino Médio vividas pelos agora ex-estudantes durante os processos de ocupações de escolas no estado de São Paulo com base no caráter bibliográfico e de campo, com aplicação de questionários eletrônicos a ex-alunos que ocuparam escolas entre 2015 e 2016. A metodologia para coleta de dados se deu via formulário virtual, pautado na Escala Likert, com análise de conteúdo à luz de Bardin (1995). O referencial teórico para a análise do problema passa por: Apple (2001b, 2006) numa chave de um currículo crítico e uma escola democrática; Dussel (2002) e Freire (2016) nos aspectos da ética e da autonomia como valorização e afirmação da vítima em busca do “ser mais” que se caracteriza como autonomia; Agamben (2007; 2010) no conceito de vida nua/sacra e uso dos corpos como profanação – as ocupações como ato de profanar. Os resultados obtidos são: 1. as ocupações de escolas foram um exemplo de vivência e experiência coletiva da autonomia por parte dos estudantes; 2. o currículo não foi deixado de lado nas ocupações: pelo contrário, a experiência de ocupação tornou-se a substância mesma do currículo, que se mostrou dinâmico e fruto das demandas críticas dos estudantes; 3. as ocupações deixaram marcas e memórias significativas na formação dos sujeitos envolvidos, promovendo um olhar de resistência e militância.