Este trabalho tem o objetivo de relatar uma experiência desenvolvida em uma escola estadual no interior de São Paulo, na cidade de Piracaia, região bragantina. Tal escola é a maior da cidade e abarca alunos de diversas localidades, em sua grande maioria dos bairros mais pobres da cidade. Piracaia é uma cidade pequena, com cerca de vinte e cinco mil habitantes e faz fronteira com as cidades de Joanópolis e Bragança Paulista. A experiência que se relatará aqui foi formulada pelo professor de Filosofia das turmas do Ensino Médio e desenvolvida juntamente comigo. Durante o primeiro semestre foi possível detectar na vivência social e educativa da escola que muitos professores compartilhavam uma postura preconceituosa e ativamente violenta contra alunos declarados homossexuais e que também eram negros e negras da classe trabalhadora Através das conversas nos intervalos e nos Horários de Trabalho Pedagógico Coletivos (HTPCs) um grupo de professores expressava suas posturas homofóbicas e racistas sem nenhuma restrição e, inclusive, com a conivência de outras colegas professores e da direção da escola. Isso porque com o passar do ano letivo esse grupo de professores passou a exercer uma espécie de perseguição ao conjunto dos alunos que se declaravam homossexuais, quase todos negros, da classe trabalhadora. Tais práticas se deram nas atividades em sala de aula, como desconto de notas, reprovações e até discussões. Após acontecerem essas práticas o grupo de professores as socializava com o restante do conjunto de professores, como se fosse algo a ser louvado. maioria por negros. Conclui se, a partir de levantamentos de trabalhos em grupos dos estudantes, orientados pelo professor, que a pequena cidade de Piracaia tinha uma distribuição espacial segregada quanta à questão étnica. Uma opressão que aflorava de forma espantosa na dinâmica escolar.