Uma estrutura teórica para o desenvolvimento de educação científica intercultural como diálogo entre sistemas de conhecimento tem sido por nós elaborada, com base em estudos teóricos e filosóficos, e em experiências de pesquisa e prática em comunidades de pescadores artesanais e nas escolas ali localizadas. Três elementos têm papel central nessa estrutura: uma interpretação pluralista e pragmatista da atitude intercultural; uma compreensão do diálogo intercultural como prática que envolve tradução intercultural como ato criativo, produtor de significados; e uma teoria e metodologia de convergências parciais, visando considerar tanto aproximações quanto diferenças entre sistemas de conhecimento em três domínios: cognitivo/epistêmico, ontológico e axiológico. Este último elemento é o foco do presente artigo.