Pessoas com doença de Parkinson (DP) ativam mais o córtex pré-frontal (PFC) durante o andar se comparado com seus pares sadios. Esta ativação é exacerbada quando o indivíduo necessita andar com ultrapassagem de obstáculos (andar adaptativo), o que significa maior recrutamento dos recursos atencionais para realizar a tarefa. A estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC), como complemento ao exercício físico, parece melhorar os sintomas motores da DP. Entretanto, não está claro o efeito desta intervenção na ativação do PFC durante o andar. Portanto, o objetivo deste trabalho foi verificar o efeito agudo da ETCC anódica combinada com exercício aeróbio na atividade do PFC durante o andar adaptativo de pessoas com DP. Vinte pessoas com DP participaram deste estudo crossover, randomizado, duplo-cego e sham-controlado. Os participantes receberam duas condições da ETCC, em dias diferentes, com intervalo mínimo de 1 semana. A ETCC ativa foi aplicada no PFC do hemisfério cerebral mais afetado pela DP, com intensidade de 2mA, durante 20min. Na condição sham, a ETCC permaneceu em 2mA por apenas 10s. Paralelamente a estimulação, os participantes realizaram exercício aeróbio em uma esteira ergométrica. O protocolo consistiu em: aquecimento (5min; frequência cardíaca máxima (FCmáx): 50-60%), parte principal (20min; FCmáx: 60-70%) e recuperação (5min; FCmáx: abaixo de 60%). A aplicação da ETCC ocorreu somente na parte principal do exercício. A atividade do PFC durante o andar adaptativo foi mensurada antes e após a intervenção, por meio de um sistema portátil de espectroscopia funcional de luz próxima ao infravermelho, com 8 canais e frequência de 10Hz. A tarefa experimental consistiu em percorrer um circuito de 26,8m de comprimento, em velocidade preferida, e ultrapassar quatro obstáculos dispostos uniformemente pelo circuito. Foram realizadas três tentativas com duração de 60s (30s em pé “parado” e 30s andando). A concentração de oxihemoglobina (HbO?) foi utilizada como marcador da atividade cortical e foi dividida em dois períodos: baseline (10s antes do início do andar) e andar (5ºs a 25ºs após o início do andar). A diferença de concentração de HbO? entre os períodos (?HbO? = média do andar – média do baseline) foi calculada para avaliar a mudança relativa da atividade cortical, sendo realizadas de maneira separada entre o hemisfério estimulado e não estimulado. Anovas two-way com medidas repetidas para os fatores estimulação e momento foram aplicadas. A Anova não indicou interação para ?HbO? no hemisfério estimulado (p=0,72) e no hemisfério não estimulado (p=0,96). Ainda, não houve efeito de momento e estimulação em nenhum dos hemisférios. Uma sessão de ETCC combinada com exercício aeróbio não é o suficiente para alterar a atividade do PFC de pessoas com DP durante o andar adaptativo. Este resultado sugere que a intervenção combinada não amplifica a utilização de recursos pré-frontais durante o andar.