O ato de ensinar está intimamente relacionado com o contexto escolar, no entanto, ele é caro à toda e qualquer atuação no campo da Educação Física. No contexto das academias de ginástica, isso parece mais distante ainda, principalmente pelo viés mercadológico que as práticas corporais adquiriram nesse contexto. Nesse contexto, o objetivo desse estudo é compreender a concepção do ensinar para professores de Educação Física atuantes em academias de ginástica e seus desdobramentos. Trata-se de parte dos resultados de uma pesquisa de mestrado em desenvolvimento. Para tanto, tem sido realizada uma pesquisa descritiva com caráter qualitativo, a qual busca elucidar questões particulares de determinado contexto. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de São Paulo sob parecer nº59384222.6.0000.5505. Participaram quatro professores conquanto que atuassem apenas como profissional de Educação Física e possuíssem mais de 18 anos. Foram excluídos professores estagiários da amostra. Desses voluntários participaram 3 homens e 1 mulher, todos com experiência em aparatos públicos e privados de saúde. Para produção de dados, utilizou-se a observação participante e a entrevista semiestruturada. Foram observadas as dinâmicas das aulas de uma academia na cidade de Santos-SP duas vezes por semana, três horas por dia no período da manhã ao longo de 3 meses. Foi utilizado um diário de campo para extrair as estruturas significantes captadas no empreendimento. Já a entrevista semiestruturada versou acerca de questões sobre o ensinar e seus desdobramentos na ocasião. Para fins deste trabalho, somente os dados de duas questões das entrevistas foram analisados: concepção de ensinar e possibilidades de ensino no contexto das academias de ginástica. A análise de dados se deu por categorias não-apriorísticas. Como resultado quatro categorias foram elencadas sendo elas: ensinar como inovação (3 voluntários) ensinar como sociabilidade (3 voluntários), ensinar como processo formativo (3 voluntários), ensinar como “passar treino” (2 voluntários). Ainda que majoritariamente agrupados em categorias nomeadas com termos relacionados a uma concepção ampliada do ensinar, o discurso sobre eles se entrelaça a perspectivas educacionais críticas, mas também a nuances tradicionais. As possibilidades do ensinar se manifestam a partir das cinco seguintes categorias: disponibilidade do aluno (3 voluntários), função designada (3 voluntários), treinamento profissional (2 voluntários) perfil do professor (2 voluntários) e disponibilidade do professor (1 voluntário). Há uma tendência dos agentes externos se sobreporem a identidade docente, ainda que relacionados. Neste contexto, conclui-se que o ensinar guina para ser concebido através de uma perspectiva ampliada suscetível a limitações e potencialidades, essas que perpassam fatores externos e/ou internos que exigem certa maleabilidade do professor no espaço.