ATUAR JUNTO A UM CURSO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES EXIGE PESQUISA. ENSINO E PESQUISA NÃO SE DISSOCIAM, JÁ DEFENDIA PAULO FREIRE. COM A IMPLEMENTAÇÃO DO ENSINO NÃO PRESENCIAL EMERGENCIAL (ENPE) INSTITUÍDO NA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS, COMO FORMA DE DAR CONTINUIDADE ÀS ATIVIDADES DE ENSINO DURANTE O PERÍODO DE ISOLAMENTO SOCIAL, MEDIDA DE CONTENÇÃO DO VÍRUS DO COVID-19, A PESQUISA FOI ESSENCIAL PARA QUE O ENSINO JUNTO AO CURSO DE LICENCIATURA EM MÚSICA, NO QUAL ATUO, FOSSE POSSÍVEL DENTRO DESTE CONTEXTO. UMA VEZ QUE AS ATIVIDADES DE ENSINO PASSARAM A SER OFERECIDAS, EM CARÁTER EMERGENCIAL, MEDIATIZADAS POR TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TDICS), A ESTRUTURA QUE ERA UTILIZADA NOS ENCONTROS PRESENCIAIS DAS DISCIPLINAS NA QUAL ATUO, PRECISOU SER RESSIGNIFICADA, REPENSADA E ATÉ MESMO ABANDONADA. MUITOS QUESTIONAMENTOS SOBRE A MANEIRA COM QUE AS EMENTAS DAS DISCIPLINAS PODERIAM SER TRABALHADAS NESTE NOVO FORMATO, SOBRE COMO POSSIBILITAR ESCOLHAS QUE GERASSEM AUTONOMIA E AUTO RESPONSABILIDADE DAS E DOS ESTUDANTES (PROCESSOS INDISPENSÁVEIS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES), BEM COMO SOBRE COMO CRIAR MOTIVAÇÃO PARA OS ESTUDOS E REALIZAÇÃO DAS ATIVIDADES PROPOSTAS DURANTE ESTE MOMENTO SOCIAL TÃO DEVASTADOR, SEM PERDER O CUIDADO COM O SER HUMANO POR TRÁS DA TELAS, ME MOBILIZARAM AO ESTUDO E À PESQUISA DE DIFERENTES METODOLOGIAS QUE, ATÉ ENTÃO, NÃO HAVIAM DESPERTADO O MEU INTERESSE NO ENSINO PRESENCIAL. ESTE ARTIGO, PORTANTO, APRESENTA O ESTUDO E OS CAMINHOS METODOLÓGICOS ESCOLHIDOS PARA RESPONDER A SEGUINTE QUESTÃO: COMO PROMOVER O ENSINO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE MÚSICA, DURANTE O ENPE, DE MODO A ACOLHER OS ESTUDANTES COMO SERES HUMANOS NO MUNDO, CRIAR UMA DINÂMICA FLEXÍVEL QUE PUDESSE SER ADAPTADA ÀS DIFERENTES REALIDADES, QUE GERASSE MOTIVAÇÃO PARA OS ESTUDOS E A REALIZAÇÃO DE ATIVIDADES PRÁTICAS, E AO MESMO TEMPO PROMOVER AUTONOMIA E AUTO RESPONSABILIDADE? PARA A ESCOLHA DAS METODOLOGIAS QUE FORAM UTILIZADAS CONSIDEROU-SE O PENSAMENTO DE HANS-JOACHIM KOELLREUTTER QUE DEFENDIA QUE O SER HUMANO DEVE SER O OBJETIVO DA EDUCAÇÃO MUSICAL, E QUE A EDUCAÇÃO MUSICAL DEVE ACOMPANHAR TODAS AS TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS. PARA ESTE MÚSICO, COMPOSITOR E EDUCADOR, A ORGANIZAÇÃO DOS PLANEJAMENTOS DEVE SER FEITA EM PLANOS ABERTOS. ISSO SIGNIFICA QUE É PRECISO ESTAR ABERTO AOS ACONTECIMENTOS, ÀS IDEIAS, ÀS DÚVIDAS E INTERESSES EMERGENTES, QUE SURGEM NA CONVIVÊNCIA ENTRE EDUCADOR E EDUCANDOS, ENTRE EDUCANDOS E CONTEÚDO, E NA RELAÇÃO DE AMBOS COM O MUNDO. ELE DEFENDIA TAMBÉM QUE A ORGANIZAÇÃO DO CURRÍCULO É COMO UMA PIZZA: NÃO IMPORTA QUAL FATIA COMEMOS PRIMEIRO. OUTRO EDUCADOR DE GRANDE RELEVÂNCIA NAS ESCOLHAS METODOLÓGICAS EFETUADAS FOI PAULO FREIRE, PRINCIPALMENTE NO QUE SE REFERE À DISCUSSÃO QUE ELE FAZ SOBRE A AUTONOMIA COMO UM SABER NECESSÁRIO À PRÁTICA DOCENTE. ELE DEFENDIA QUE O RESPEITO À AUTONOMIA DOS EDUCANDOS É UM IMPERATIVO ÉTICO, E NÃO UM MERO FAVOR QUE O EDUCADOR OFERECE. TAMBÉM DEFENDIA QUE NINGUÉM É AUTÔNOMO PRIMEIRO PARA DEPOIS DECIDIR, UMA VEZ QUE A AUTONOMIA VAI SE CONSTRUINDO NA EXPERIÊNCIA, POR MEIO DE INÚMERAS DECISÕES QUE SÃO SENDO FEITAS. PAULO FREIRE TAMBÉM DIZIA QUE NINGUÉM É SUJEITO DA AUTONOMIA DE NINGUÉM, NINGUÉM PODE “DAR” AUTONOMIA AO OUTRO, MAS QUE É POSSÍVEL TOLHER ESTA AUTONOMIA, IMPEDIR QUE OS SUJEITOS POSSAM FAZER ESCOLHAS. NESSE SENTIDO, VALE A REFLEXÃO SOBRE O QUANTO DE ESCOLHA PERMITIMOS QUE NOSSAS E NOSSOS ESTUDANTES FAÇAM DURANTE AS AULAS QUE OFERECEMOS, OU O QUANTO DE IMPOSIÇÕES SÃO FEITAS, SEM QUE ELES POSSAM EXPERIENCIAR DE FORMA ATIVA O SEU PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO SOBRE A DOCÊNCIA. É COM BASE NO PENSAMENTO DESTES DOIS EDUCADORES, QUE APRESENTO AS ESCOLHAS METODOLÓGICAS ELEGIDAS PARA A ELABORAÇÃO DAS DISCIPLINAS SOB MINHA RESPONSABILIDADE JUNTO AO CURSO DE LICENCIATURA EM MÚSICA. AS DISCIPLINAS FORAM ESTRUTURADAS EM UM AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM (AVA), ONDE OS MATERIAIS DE ESTUDO E AS ATIVIDADES PRÁTICAS FICAVAM DISPONIBILIZADAS. ALÉM DISSO, FORAM OFERECIDOS ENCONTROS SÍNCRONOS MENSAIS, PARA QUE PUDÉSSEMOS TER UM MOMENTO DE CONVIVÊNCIA, PARTILHA, DIÁLOGO E APROFUNDAMENTO DOS TEMAS QUE ESTAVAM SENDO ESTUDADOS. A PARTIR DA LEITURA DA EMENTA E OBJETIVO DAS DISCIPLINAS, PUDE ORGANIZAR OS CONTEÚDOS, COMPETÊNCIAS, HABILIDADES E ATITUDES EM TEMAS AMPLOS, TEMAS GERADORES, OU, COMO ESCOLHI CHAMAR, TRILHAS. TRATA-SE DA PRIMEIRA ESCOLHA METODOLOGIA UTILIZADA: AS TRILHAS DE APRENDIZAGEM SÃO “CAMINHOS” A SEREM PERCORRIDOS PARA DESENVOLVER COMPETÊNCIAS, HABILIDADES, ATITUDES, CONHECIMENTOS E AUTONOMIA. É COMO UM MAPA ONDE CADA TRILHA REPRESENTA UM CAMINHO POSSÍVEL QUE O ESTUDANTE ELEGE PARA INTERAGIR COM OS RECURSOS E ATIVIDADES DISPONIBILIZADOS NO AVA. CADA TRILHA CONVERGIA UMA TEMÁTICA MAIS AMPLA, QUE ERA RAMIFICADA NO MATERIAL DE ESTUDO E NAS PROPOSTAS DE VIVÊNCIAS PRÁTICAS. PELA FORMA COMO OS MATERIAIS DE ESTUDO E AS PROPOSTAS DE ATIVIDADE FORAM ESCOLHIDOS, ORGANIZADOS E DISPONIBILIZADOS NO AVA, NÃO HAVIA HIERARQUIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS, OU SEJA, NÃO HAVIA CONTEÚDO “MAIS IMPORTANTE” DO QUE O OUTRO, E NEM “PRÉ-REQUISITO” PARA OUTRO. AS TEMÁTICAS, OS ESTUDOS E AS PROPOSTAS DIALOGAVAM E SE COMPLEMENTAVAM. ISSO PERMITIA QUE OS ESTUDANTES PUDESSEM ESCOLHER A ORDENAÇÃO DOS ESTUDOS, GERANDO MAIS FLEXIBILIDADE E AUTONOMIA. COM OS MATERIAIS DISPONÍVEIS NO AVA, NÃO ME PARECIA NECESSÁRIO ENSINAR, NOS ENCONTROS SÍNCRONOS, AQUILO QUE O ALUNO PODERIA DESCOBRIR SOZINHO, IDEIA AMPLAMENTE DIFUNDIDA POR KOELLREUTTER. PARA ISSO FEZ-SE A SEGUNDA ESCOLHA METODOLÓGICA: AO INVERSO DO QUE É COMUMENTE REALIZADO NO FORMATO TRADICIONAL, ONDE O CONTEÚDO É OFERECIDO EM SALA DE AULA, E OS EXERCÍCIO, PESQUISAS E APLICAÇÕES SÃO FEITOS EM CASA, EM UM MOMENTO POSTERIOR, NO FLIPPED CLASSROOM (SALA DE AULA INVERTIDA) O ALUNO ESTUDA ANTES DA AULA, E O ENCONTRO SE TORNA UM LUGAR DE APRENDIZAGEM ATIVA, POR MEIO DE PERGUNTAS, DISCUSSÕES E ATIVIDADES PRÁTICAS. ESSE FORMATO PERMITIU QUE OS ESTUDANTES PUDESSEM TRABALHAR COM O MATERIAL DE ESTUDO NO SEU RITMO, E ACESSASSE QUANTAS VEZES QUISESSEM, O QUE MUITAS VEZES NÃO ACONTECE QUANDO O CONTEÚDO É TRANSMITIDO DE FORMA EXPOSITIVA EM SALA DE AULA. COM ISSO, OS ENCONTROS TIVERAM COMO OBJETIVO TRABALHAR OS CONCEITOS E CONTEÚDOS DISPONIBILIZADOS NAS TRILHAS NO AVA, POR MEIO DE ATIVIDADES PRÁTICAS, DISCUSSÕES, E PROMOVER A CONVIVÊNCIA E A TROCA ENTRE ESTUDANTES E PROFESSORA. POR MEIO DOS FEEDBACKS (TERCEIRA METODOLOGIA UTILIZADA) QUE ERAM DADOS SEMANALMENTE, FOI POSSÍVEL ACOMPANHAR OS ESTUDANTES E AUXILIAR NO REFINAMENTO DA COMPREENSÃO DA ATIVIDADE QUE FOI REALIZADA, A PARTIR DE UM OUTRO PONTO DE VISTA. OS ESTUDANTES TAMBÉM FAZIAM FEEDBACKS, E POR MEIO DELES EU PUDE COMPREENDER AS DIFICULDADES NAS ATIVIDADES, AS AUSÊNCIAS, AS CONQUISTAS, E ISSO ME ABRIA UM ESPAÇO DE DIÁLOGO, ONDE EU PUDE INDICAR OUTROS MATERIAIS DE ESTUDO, COMPARTILHAR AS MINHAS IMPRESSÕES, E CRIAR UM VÍNCULO COM ELES. ESTES DIÁLOGOS ME MOSTRAVAM TAMBÉM CAMINHOS PARA O PLANEJAMENTO DOS ENCONTROS SÍNCRONOS. AO FINAL DA OFERTA DESTAS DISCIPLINAS, JUNTO A DIFERENTES TURMAS, AVALIO QUE AS METODOLOGIAS UTILIZADAS PERMITIRAM O ACOLHIMENTO DESSES ESTUDANTES, CONSIDERANDO AS MÚLTIPLAS REALIDADES NAS QUAIS ELES ESTÃO INSERIDOS, E A CRIAÇÃO DO VÍNCULO COM OS MESMOS. DA MESMA FORMA, FOI POSSÍVEL GARANTIR A FLEXIBILIDADE NECESSÁRIA PARA QUE OS ESTUDANTES PUDESSEM ORGANIZAR OS SEUS ESTUDOS DE ACORDO COM SUAS POSSIBILIDADES E DEMANDAS PESSOAIS, FAMILIARES, OU DE SAÚDE, CONTRIBUINDO COM A BAIXA EVASÃO. ESSA FLEXIBILIZAÇÃO CONTRIBUIU PARA QUE OS ESTUDANTES SE SENTISSEM MOTIVADOS POIS PODERIAM ESCOLHER AS ATIVIDADES QUE SERIAM REALIZADAS, DE ACORDO COM O SEU INTERESSE E/OU DISPONIBILIDADE. E POR FIM, AO PODEREM GERIR SEUS ESTUDOS A PARTIR DE SUAS PRÓPRIAS MOTIVAÇÕES, OS ESTUDANTES TIVERAM LIBERDADE PARA FAZER ESCOLHAS, E GERIR COM MAIS AUTONOMIA A CONSTRUÇÃO DO SEU CONHECIMENTO.