A produção literária brasileira de temática homoafetiva vem contribuindo para a quebra de estereótipos e se colocando como um material de reflexão sobre as relações sociais, na medida em que leva o leitor a refletir e agir contra o preconceito legitimado em discursos que pregam a heteronormatividade e a enxergar o direito da liberdade de expressão sexual como parâmetro para o fortalecimento do respeito às diferenças. Dessa forma, ao dar voz a grupos ou minorias que foram (e ainda são) excluídos, o texto literário instiga o debate e se revela capaz de contribuir para a formação do sujeito, bem como para a construção de sua identidade. Nessa perspectiva, este trabalho pretende, através de uma leitura comparativa entre as obras “O Terceiro Travesseiro” de Nelson Luís de Carvalho, e “Confissões ao Mar”, de Kadu Lago, identificar o processo de construção de identidade e autoafirmação do sujeito enquanto homossexual, bem como o enfrentamento ao preconceito familiar e social pelo qual passam os personagens, de modo a identificar semelhanças com a realidade. Em função disso, o estudo pretende estabelecer diálogos entre as duas produções, no sentido de tecer considerações acerca da visão de cada narrador sobre a temática e da linguagem empregada nos textos, pontuando divergências e semelhanças. Utiliza-se a teoria queer como referencial teórico. Com essa abordagem, o trabalho anseia por contribuir com os estudos voltados especificamente para as questões sociais que envolvem sofrimentos, dúvidas e preconceitos pelos quais passam as pessoas no enfrentamento ou aceitação de sua identidade sexual, movidas pelo desejo de ser e estar no mundo sem que sejam discriminadas.