Este trabalho busca problematizar a construção da identidade “travesti/transexual” a partir da análise da figura geracional da mãe travesti, ou seja, a travesti ou transexual mais experiente que conduz outra travesti ou transexual mais nova dentro dos limites das paródias de gênero adotados e performatizados pela imagem das travestis e transexuais. O referencial teórico está aportado sobre os estudos queer procurando pensar a noção de construção, no que diz respeito à identidade de gênero (Bento, 2006), e na analítica do poder de Michel Foucault (2007) que esclarece que as relações de poder existem no sentido de regular, limitar, controlar, mas também de incitar, provocar, produzir e intervir sobre as ações dos sujeitos. O estudo se debruça nos relatos de travestis e transexuais entrevistadas em Natal-RN que se disponibilizaram em colaborar com a pesquisa e também nos relatos de fonte secundária: Kulick (2008), Pelúcio (2007), Benedetti (2005) e Damásio (2009) sobre a presença da figura da mãe travesti. O estudo aponta que a relação mãe e filha travesti/transexual, pode ser evidenciada nas dicas de maquiagem, de como se montar, na injeção de silicone, na aprendizagem de novas gírias e na repetição das práticas estilísticas que delimitam as performances de gênero das travestis e transexuais, demonstrando ainda mais o entendimento da noção de gênero como performatividade constituída ao longo da vida do/as sujeitos/as.