Os autores de literatura das últimas décadas vêm inovando cada vez mais em relação ao modo de construção do texto literário. Isso se tornou possível a partir do movimento modernista do século XX, uma vez que um de seus postulados era justamente a inovação no modo de escrever literatura, através de vários métodos criativos e composicionais. Nesse sentido, a literatura de autoria feminina, sobretudo a partir dos anos 1970/80 passou a empregar uma linguagem diferente da usual. Dessa forma, o objetivo deste trabalho é refletir sobre a produção da literatura contemporânea feminina, especificamente a partir dos livros de contos das escritoras contemporâneas paraibanas Mayara Almeida (Entre nós e laços, 2013) e Letícia Palmeira (Diário Bordô e outras pequenas vastidões, 2013), para investigar as formas que a literatura de autoria vem assumindo, uma vez que, no caso destas autoras, torna-se difícil uma classificação de sua obra quanto ao gênero literário. Dessa forma, refletiremos sobre os limites e deslimites dos gêneros literários, observando como esse tipo de construção se tornou mais recorrente na contemporaneidade, para propor que este estilo é uma característica acentuadamente da literatura produzida por mulheres. Para tal fim, analisaremos o tipo de construção literária utilizada pelas autoras em foco, atentando para aspectos linguísticos, estilísticos, e formais das obras literárias para mostrar de que forma é concretizada essa estética de oposição ao canônico. Basearemos a discussão nas ideias de Josefina Ludmer (2010) sobre literatura pós-autônoma, bem como nas considerações teóricas sobre o gênero literário conto de Walnice Nogueira Galvão (1983) e nas discussões sobre a produção literária contemporânea de Beatriz Resende (2008).