O presente artigo tem como objetivo analisar comparativamente as personagens Lucinda e Carolina, das respectivas obras As Vítimas Algozes Quadros da Escravidão (1869), mais especificamente a terceira narrativa (Lucinda, a mucama) e A Moreninha (1844), ambas de autoria de Joaquim Manoel de Macedo. Através do conceito representacional apresentado por Roger Chartier (1991), que nos leva a entender que com o passar do tempo tomou-se por verdadeiro o que não é, pois a representação é uma construção, algo elaborado com um propósito e que muitas vezes está ligada a determinado momento histórico e parte de classes dominantes de uma época, traçaremos os caminhos pelos quais trilham nossa análise. Por meio do estudo da linguagem dos textos analisados e do contexto sociocultural em que as duas obras foram escritas, procuramos responder algumas questões que inicialmente foram se apresentando. De que forma a mulher branca e livre é representada? E a mulher negra e escravizada como é representada pelo narrador? Seriam verídicas as representações encontradas nas duas obras analisadas ou o narrador estaria apenas reproduzindo um discurso preconceituoso ditado pela sociedade ao qual estava inserido?