RABELO, José Orlando Carneiro Campello. Violências conjugais: um recorte pós-indentitário. Anais X CONAGES... Campina Grande: Realize Editora, 2014. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/5716>. Acesso em: 14/11/2024 22:11
Introdução:Seguindo uma rota epidêmica todos são vitimados por uma estrutura social que alimenta e perpetra os focos da violência que se manifestam nas relações conjugais e de gênero. Queremos pontuar que haveria, no cerne da construção social do fenômeno “violências conjugais”, a associação a um tipo de relacionamento de “assimetria de poder”. As relações conjugais seriam desta forma atravessadas pelas “normas de gênero”, independente do sexo biológico do casal. Objetivo: O trabalho tem como objetivo apresentar uma possibilidade compreensiva acerca do fenômeno das violências conjugais a partir do referencial pós-estruturalista. Metodologia:Constitui-se em uma revisão crítica da literatura, de materiais produzidos nos últimos cinco anos, que tem como foco promover o diálogo sobre outras possibilidades de reconhecimento das pessoas que compõem os cenários de diversas violências conjugais abandonando o caráter indentitário. Resultados:A compreensão pós-estruturalista superou a concepção de papeis sociais femininos, masculinos e os esquemas binários que eles pressupõem, ampliando a compreensão de gênero para além de um constituinte da identidade. As violências conjugais estariam atravessadas por demarcadores de gênero, considerando que as próprias normas de gênero estão constituídas sobre uma base de violências. Conclusões:As violências conjugais no referencial proposto seriam o resultado da reificação, ou objetificação do outro, aniquilando-o enquanto alteridade, em outras palavras uma relação de violência atua sobre um corpo submetendo-o, forçando-o fechando todas as possibilidades com exceção da passividade. Podemos questionar assim o suposto poder associado às masculinidades nas relações conjugais, em outras palavras: existiria uma “orientação” ou dispositivo enraizado na cultura heteronormativa que orienta ao “homem” os poderes sobre a esposa e filhos, mas este poder é performativo, desta forma estaria na base de relações conjugais diversas, independente do sexo dos parceiros. Estaríamos assim diante de outro paradigma: a violência conjugal foi historicamente associada ao masculino, entretanto, estaria enraizada na própria conjugalidade.