A lógica binária heteronormativa está fundamentada em um padrão social discursivamente estabelecido que norteia as relações humanas e, por conseguinte, hierarquiza os papeis de gênero. Os arranjos amorosos hodiernos, embora procurem constituir-se em novos modelos de conjugalidades, pautam-se ainda na antiga dicotomia homem/mulher. Este trabalho parte do pressuposto que as relações amorosas femininas circunscrevem-se numa lógica binária e hierarquizada de gênero cujos papéis do homem e da mulher são (re) produzidos, trazendo para essas relações a violência experienciada pelas uniões tradicionais. Como embasamento teórico-metodológico, têm-se os pressupostos de Foulcaut (2003), Dias (2014) e Swain (2001), entre outros/as. A partir da análise do discurso de dois casais homoafetivos femininos, confirmou-se a hipótese inicial que, apesar das experiências amorosas fazerem emergir novos contornos que se distanciam do heteroafetivo, ainda assim, existe uma (re)produção da dinâmica de gênero, ou seja, enquanto uma mulher está no polo passivo-inferiorizado (feminino), a outra ocupará o polo ativo-superiorizado (masculino), acarretando, por fim, a (re)produção também da prática da violência, norteada pelos padrões da heteronormatividade.