A seca é um grave problema hídrico que acomete vários estados do Nordeste. No Rio Grande do Norte as regiões que mais sofrem com a falta de água são o Seridó e o Alto Oeste potiguar. No Alto Oeste, encontra-se o município de Pau dos Ferros, que enfrenta uma crise de abastecimento devido a uma estiagem que durou cerca de 7 anos. Durante o período da seca o principal açude que abastece a cidade, batizado de Dr. Pedro Diógenes Fernandes, chegou a um volume de 0% e a população da cidade passou a usar o espaço do açude indevidamente, com atividades como criação de animais, plantação e descarte inapropriado de lixo. No o primeiro trimestre de 2018, Pau dos Ferros registrou um acumulado de chuvas de 374 mm, segundo dados da Empresa de Pesquisa Agropecuária do RN (Emparn). Hoje em dia o reservatório ainda não apresenta 100% do seu volume total, mas possui água suficiente para consumo humano e animal racionalizado, de acordo com uma reportagem do jornal INTER TV, para isso, a cidade foi dividida em três zonas, nas quais a água chega em média a cada duas semanas, num sistema de revezamento. Essa água chega acompanhada de reclamações de parte da população em relação ao seu cheiro. Nesse contexto, o objetivo dessa pesquisa foi fazer uma análise físico-química da água bruta e da água tratada, para investigar os efeitos negativos da poluição e degradação no manancial e verificar se o tratamento padrão feito pela Companhia de Águas e Esgotos do RN (Caern) está sendo eficaz para atingir os padrões de potabilidade da Portaria 2.914, de 12 de dezembro de 2011, do Ministério da Saúde. Para isso, foi feita a coleta de duas amostras, a primeira, de água bruta na estação de tratamento de água (ETA) e, a segunda, de água tratada em uma residência da cidade de Pau dos Ferros. As análises laboratoriais foram feitas no laboratório do IFRN, Campus Natal-Central, com a metodologia dos Procedimentos Operacionais Padronizados (POP) de análises de águas e efluentes da Diretoria Acadêmica de Recursos Naturais, que usa como referência o Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (2012), da American Public Health Associations (APHA) e os parâmetros analisados foram pH, condutividade elétrica, alcalinidade, dureza total e de cálcio, cloreto, salinidade, nitrito, nitrato, nitrogênio amoniacal, sódio, potássio, cor, turbidez, sólidos dissolvidos totais e ferro. Os resultados quanto à análise da amostra de água bruta, mostram que a água do manancial apresenta alta turbidez, coloração, e concentração de cloretos, além do resultado de dureza total indicar que a água se classifica como dura. Já os resultados das análises de água tratada mostram que apenas dois parâmetros apresentam resultados acima do permitido pela legislação, sendo eles cor e cloreto. A cor na água tratada está 10 uH acima do Valor Máximo Permitido (VMP). Já a quantidade de cloreto na água pós-tratamento chega a quase o dobro do VMP, e a 37,5% a mais do que a quantidade na água bruta. Com isso, conclui-se que apesar do uso impróprio do espaço do manancial, sua degradação não foi tão significativa para impossibilitar a sua mitigação natural, porém a água pós-tratamento possui uma concentração muito alta de cloreto, o que explica a reclamação da população em relação ao seu cheiro, e a classifica como imprópria para consumo humano, segundo a Portaria 2.914/2011.