Este trabalho tem como objetivo mostrar a percepção de um distanciamento entre dispositivo legal e a realidade no contexto escolar. Existe uma lacuna entre a formação de professores e as demandas inseridas em sala de aula, o apoio educacional especializado mostra-se aquém do necessário, o que podemos exemplificar com base na experiência deste relato, no qual o professor de educação especial chega a atender cinco escolas diferentes semanalmente e permanece duas horas/aula com a criança no espaço escolar, o que impossibilita encaminhamentos consistentes à equipe multidisciplinar, orientações à família e até mesmo apoio pedagógico ao professor em sala. Neste processo histórico, a escola tornou-se espaço de privilégio para determinados grupos e a seleção natural dos aptos ou não tornou-se marca da sociedade moderna, porém nesta mesma sociedade, com o advento da democracia, a educação passou a figurar como direito básico de todo e qualquer cidadão, o que não tornou simples o processo da educação especial em uma perspectiva inclusiva. Percorreu-se um longo caminho desde a segregação das pessoas com deficiência, a inserção destas nas escolas com atendimento educacional especializado como substitutas da escola regular para, então, chegar aos moldes atuais. A partir da ampliação do número de matrículas de crianças com deficiência na escola regular, cresceu também a necessidade da modificação do espaço e práticas escolares para que o aluno possa realizar todas as atividades, o que implica na superação de barreiras que venham a impossibilitar o pleno desenvolvimento, o que não se faz sem interesse/investimento governamental.