Este é um relato de uma experiência didática, realizada em três semanas com um total nove tempos de aula de 45 minutos de duração, voltada ao incentivo da leitura, desenvolvido numa instituição de ensino da Marinha do Brasil, através do uso da intertextualidade como uma relevante estratégia para o planejamento de práticas pedagógicas de língua portuguesa, visando a uma melhoria nas atividades de sala de aula, o que contribui para o processo de ensino-aprendizagem da leitura literária e produção de textos. O objetivo geral dessa experiência foi produzir intertextos a partir da leitura de textos que apresentam o Brasil como pátria e o orgulho de ser brasileiro. Os objetivos específicos foram acionar os recursos lexicais de linguagem figurada para interpretar textos, relacionar o tema comum presente nos textos e reconhecer os elementos estruturais do gênero poesia. Partiu-se da leitura de uma tirinha de Mafalda a fim de enfatizar a questão das virtudes/atitudes de um patriota com indagações aos alunos. Em seguida foram utilizados os textos Canção do Exílio, de Gonçalves Deias, o Hino Nacional brasileiro e a Canção do Marinheiro, a fim de discorrer sobre os pontos em comum dos três textos trabalhados, retomando as virtudes dos brasileiros, apontadas pelos alunos. Com a percepção de que nossa fala é entrecortada de outras tantas falas, segundo Mendes (1994), o que se consiste em assegurar que há uma relação existente entre textos diversos, os alunos descobriram os valores sociais e humanos nesses textos como patrimônio literário nacional. Como muitos desses alunos da Escola de Aprendizes-Marinheiros de Pernambuco são oriundos de diversos estados, eles foram encorajados a produzirem sua “canção do exílio” e perceberam o quanto é possível recorrer a outros textos, se considerarmos que todo dizer sempre remete a outro(s) dizer(es). Hora (2006), apud Silva (2005), comprova essa abordagem quando aponta a produção de intertextos como uma das alternativas do professor diante da leitura literária, o que estimula a interdisciplinaridade enquanto o aluno assume o papel de coprodutor do texto a partir de sua leitura.