O presente trabalho apresenta uma sequência didática em que atividades descritas tem como público-alvo, alunos do 9º ano do Ensino Fundamental II e possuem como base teórica para construção das aulas, as discussões de (CANDIDO, 2011) sobre a literatura, vista como uma relação dialógica entre a sociedade e o leitor, (BOSI, 2013) que apresenta reflexões sobre os efeitos de recepção da obra literária e (FONSECA E MOREIRA, 2014) que propunha reflexões específicas sobre a literatura africana e suas possibilidades interpretativas a partir das mudanças históricas, sociais, políticas. Com o romance gráfico Aya de Yopougon, de Marguerite Abouet e Clément Oubrerie; o conto Marcelina, do livro A cidade e a infância, de José Luandino; e o trecho do documentário Cartas para Angola, dirigido por Coraci Ruiz e Julio Matos pretende-se alcançar discussões junto aos alunos, sobre como a literatura reflete a voz feminina africana e como tais perspectivas podem ser comparadas às vivências individuais dos mesmos. Através do conceito de memória apresentado em (ACHARD, 1999) é proposto aos alunos, reflexão crítica sob os relatos literários de um povo, de um grupo que carrega em si vivências históricas, políticas, ideológicas verossímeis aos relatos do “mediador-escritor” (BOSI, 2013). O trabalho justifica-se a partir do momento que se propõe aos alunos resgatar memórias de sua vida sobre comportamentos das mulheres diante a figura masculina, propor através dos textos, comparações entre as mulheres-protagonistas e suas vivências nas relações homem-mulher e acima de tudo tornar a literatura africana um objeto de estudo menos desconhecido entre os alunos.