No contexto da sala de aula, não era comum que a literatura infanto-juvenil servisse de material de apoio para que os professores pudessem discutir temas que permeavam (permeiam) a sociedade. Antes disso, ela era vista como suporte pedagogizante, moralizante para crianças. Após o chamado “Boom de 70”, a literatura infanto-juvenil é renovada, principalmente, pela influência dos personagens criados por Monteiro Lobato, a exemplo da boneca Emília. Diversos autores beberam dessa fonte e passaram a construir livros que rompessem com o tom pedagógico dos contos de fada. Ana Maria Machado, ao escrever “Bisa Bia, Bisa Bel” (1981) aposta nessa nova roupagem da literatura para crianças e traz um contexto favorável para discutir acerca do gênero. Dessa forma, este artigo tem o objetivo de analisar as leituras dos alunos, em uma perspectiva etnográfica, a fim de compreender a abordagem do professor frente ao tema. Para tanto, faz-se necessário a seguinte indagação: Como o estudo etnográfico pode contribuir para que o professor compreenda as diferentes leituras dos alunos acerca da discussão sobre o gênero? Este artigo faz parte de uma pesquisa que está sendo desenvolvida no programa de Mestrado de Formação de Professor (UEPB) e conta com uma abordagem etnográfica sobre as discussões oriundas das leituras dos alunos em sala de aula. Para isso, se fundamenta em autores como Mattos e Castro (2011), Castro (2015), Geertz (2008) acerca do estudo etnográfico, Arroyo (2011), Cadermatori (1992) e Zilberman (2003) sobre a literatura infanto-juvenil e Dalvi, Rezende e Jover-Faleiros (2013) e Cosson (2014) que abordam a leitura de literatura na sala de aula.