Resumo: As investigações sobre o processo de produção textual na escola precisam considerar, minimamente, a natureza do processo de didatização, o contexto escolar, bem como os letramentos de alunos e professores. Quando os textos a serem produzidos pertencem a gêneros da esfera literária, é preciso ainda refletir profundamente sobre o complexo processo de correção das produções dos alunos e sobre as orientações para a reescrita. Além de considerar as especificidades dos gêneros literários, revela-se a necessidade de um trabalho sistemático que entenda a língua como interação, a escrita como um processo e o texto como provisório, superando as metodologias tradicionais e o ensino apenas propedêutico. Neste trabalho, um estudo de caso, filiado ao campo aplicado de estudos da linguagem, apresentamos uma experiência de ensino no âmbito do estágio, na qual o foco foi desenvolver as capacidades de linguagem (BRONCKART, 1999) voltadas à produção textual escrita do gênero conto. O nosso objetivo é analisar os efeitos/implicações da correção de textos produzidos na reescrita do aluno, bem como se as especificidades da esfera à qual pertence o gênero conto foram consideradas na correção. Como subsídios teóricos, ancoramo-nos em Ruiz (2003) e Bezerra, Queiroz e Tabosa (2004) quanto ao estudo da correção de textos; em Luckesi (2011) quanto à avaliação; em Koch e Elias (2009), Marcuschi (2008) quanto ao estudo da produção; em Charolles (1988) e Koch (1998) quanto à coerência; e em Abdala Jr. (1995) quanto ao gênero conto. Os resultados apontam para o fato de que a correção teve impactos positivos na reescrita do aluno porque não houve a confusão entre incoerência e estilo do gênero e do autor. Esse resultado aponta que, ao conseguir diferenciar incoerência e marca de estilo e do autor, algo sutil e complexo, sobretudo quando se trata da correção de textos de gêneros literários, o professor pode potencializar as capacidades de escrita desse gênero, as quais podem ser utilizadas pelo aluno em outros contextos de produção.