Este estudo relata uma experiência de ensino vivida por três graduandos durante o sexto período do curso de Letras - Língua Inglesa da Universidade Federal de Campina Grande, como parte integrante da disciplina obrigatória de estágio supervisionado no período 2017.2. O estágio foi realizado em uma turma de 8º ano (Ensino Fundamental II) de uma escola estadual durante cinco aulas, com duração de uma hora e meia cada. A turma era composta por vinte e cinco alunos com idade entre quatorze e quinze anos. Os professores estagiários trabalharam dois contos indígenas: um brasileiro e um nativo norte-americano. Essa proposta derivou-se do pressuposto de que a literatura não é comumente trabalhada no ensino regular, e quando é usada, serve para o ensino de conteúdos gramaticais. Tendo em vista a escassez do uso da literatura nas aulas de língua estrangeira, o estudo desses contos objetivou: i) desmistificar o uso da literatura e da tradução nas aulas de Língua Inglesa; ii) despertar a valorização da cultura oral; e iii) estimular o respeito à cultura indígena por parte dos estudantes. Para atingir tais objetivos, os contos foram lidos e discutidos pelos alunos com os professores estagiários. Nenhum conteúdo gramatical proveniente do texto foi estudado, fazendo com que as discussões abrangessem tópicos como cultura, identidade, história e sociedade, e influenciassem o exercício das habilidades produtivas e receptivas, orais e escritas dos alunos. Os estudantes buscaram identificar características da população indígena presente nos contos, como culinária, crenças, relação com a natureza, etc. O estágio culminou na produção de histórias em quadrinhos pelos alunos — uma adaptação (tradução intersemiótica) baseada nos contos trabalhados nas aulas. Durante o período do estágio, os estudantes tiveram a oportunidade de conhecer outras formas de tradução nas aulas de Língua Inglesa. Além disso, eles puderam usar a criatividade e suas habilidades artísticas para produzir as histórias em quadrinhos. Ao final do período de vigência, os alunos demonstraram estar mais estimulados a aprender literatura e passaram a ter uma nova visão das aulas de língua estrangeira.