O nome de Rocha Pombo desponta na cultura paranaense como o referencial da geração que veio a constituir o primeiro grande marco literário no espaço regional e que foi responsável pela disseminação da estética simbolista em outras plagas, contrariando a onda hegemônica nacional do Parnasianismo. Na historiografia literária distinguiu-se com o romance No hospício (1905), classificado por vários críticos como um exemplo isolado da realização do Simbolismo na prosa brasileira. O romance revelaria, contudo, uma condição biográfica de insulamento experimentada por seu próprio autor no exílio auto-imposto no Rio de Janeiro, após um período de intensas frustrações enquanto jornalista e deputado na terra natal. Mas foi no domínio da historiografia que o intelectual, nascido em Morretes, filho de um professor da província, tendo ele mesmo iniciado sua vida profissional no magistério, tornou-se conhecido e vem merecendo pesquisas no Brasil. Motivado em grande parte pela questão educativa, de que é prova a concepção do primeiro projeto para a Universidade do Paraná, em 1892, ou a participação no projeto pioneiro da Universidade do Povo, em 1900, já no Rio de Janeiro, Rocha Pombo redigiu uma extensa obra voltada para o ensino da História, sendo seu público buscado desde as carteiras do ensino primário e ginasial. Essa perspectiva pode explicar em parte a reação negativa recebida por sua História do Brasil em dez volumes, com publicação a partir de 1905, e que ocuparam mais de dez anos de trabalho do escritor. Condenado pela corrente positivista, tutelada na historiografia por Capistrano de Abreu, coube a Rocha Pombo o desdém pela metodologia empregada que, em lugar da pesquisa direta às fontes, valia-se de releituras, e que, em vez do modelo ainda em curso, não enfatizava as figuras políticas de eminência, mas priorizava as expressões da cultura popular, ainda que sobre o conceito de popular pairasse uma projeção bastante abstrata. O forte espírito republicano que desde a juventude o animara rapidamente arrefeceu em meio às práticas políticas e no contato com o ambiente acadêmico. O ideal que moldava Rocha Pombo requeria transformações rápidas, mas os entraves políticos confirmavam o engessamento das estruturas do país. Verificam-se na sua produção muito heterogênea as muitas contradições que abalaram os homens de pensamento na virada do século XX: o pensamento em torno de uma hierarquia entre as raças, a violência responsável pelo processo de colonização, a ambiguidade diante do forte processo imigratório europeu nos estados do sul, o impulso de regionalização a partir do período republicano e concomitantemente a expansão do Pan Americanismo de base monroísta. Através da análise do poema narrativo A Guayrá (1891), pretende-se pensar as questões colocadas por Rocha Pombo entre a Literatura e a História, sobretudo se considerarmos que cabe a ele também a primeira História da América (1899) publicada no Brasil.