O presente trabalho tem como objetivo averiguar em duas leituras do período colonial (um olhar "de fora" e um olhar "de dentro") a formação de um imaginário sobre o conceito de "latino-americano" que até os dias atuais permeia a ideia de um continente em constante construção. As narrativas de Hans Staden e Felipe Guamán Poma de Ayala servem como base para a hipótese de formação de um ideal de território cultural, social e geográfico que teve como base duas narrativas histórico-literárias que carregam em si a gênese do que hoje conhecemos como um continente formado pelo olhar de um Outro que nos define e determina, tendo por base as experiências relatadas durante o período dos descobrimentos. As noções de imaginário e verdade, para tanto, constituem-se em elementos primordiais para a compreensão de tal construção, uma vez que o espaço narrativo seria o único a partir do qual os povos e culturas do Novo Mundo, tidos como inferiores, poderiam ser imaginados e conhecidos.