Esta comunicação apresentará uma leitura do romance da moçambicana Paulina Chiziane, Niketche: uma história de poligamia em diálogo com Chapada da Palma Roxa, da mato-grossense Tereza Albues, com enfoque no feminino que compõe expressivamente os dois romances. Esta análise terá por base teórica um estudo efetuado por Riane Eisler da sociedade de parceria instituída no período Neolítico, em que o feminino apresentava uma natureza elevada e até mesmo sagrada, e da sociedade de dominação, formada há milhares de anos e ainda em vigor nos tempos atuais, em que a mulher foi sempre caracterizada como um ser inferior ao homem. A opressão do feminino é apenas mais uma das diversas tiranias empreendidas pelo poder androcêntrico contra o outro, em um mundo constituído por aqueles que mandam e por aqueles que obedecem. Em ambas as narrativas, a figura feminina luta por transgredir as convenções sociais estabelecidas. E, tanto numa obra quanto na outra, é a capacidade de narrar que constitui como uma das ferramentas mais eficazes na luta pela libertação da mulher que busca desatar as amarras instituídas pelo poder dominador, presidido pela figura masculina.