DO CRIME EM LITERATURA: ESCRITA E ESPETÁCULO
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Julgar o ato criminal sob um ponto de vista moral implica, de modo geral, na busca de um culpado ou na espera de uma confissão. Em O caso Morel (Rubem Fonseca) e em Trou de Mémoire (Hubert Aquin), o crime aparece primeiramente como elemento que impulsiona o indivíduo à escrita, porque a confissão urge. Pode-se falar, neste caso, de uma literatura que surge do crime. Por outro lado, escrever significa, para o suposto criminoso, aproximar-se de seu ato de crueldade. A escrita torna-se, ao contrário, elemento inibido pelo crime e escrever é um mal, pois pode recriar, reproduzir o fato. Lepaludier (2002) é elucidativo neste aspecto ao considerar a estrutura da investigação policial como figura da escrita e da leitura, pois ambas repousam sobre indícios. 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