Discussão sobre a contribuição potencial da teoria da evolução para a historiografia literária, com foco na teoria do romance. Através do cotejo preliminar das proposições de Brunetière, Tynianov, Luhmann e Moretti, proporemos um quadro inicial de relações entre os gêneros literários e o ambiente social que possa sistematizar, para a história do romance, a possível contribuição conceitual e analítica de termos como “seleção”, “complexidade”, “variação”, “reestabilização”, “estabilidade dinâmica”, “exaptação”, “diferenciação sistêmica”, “causalidade interna”, “autopoiese” e “fundo” de repertório para a variação, a serem aplicados à descrição dos processos de diferenciação literária nos planos microscópico (na obra individual) e macroscópico (nos gêneros e subgêneros ou no sistema literário como um todo, nacional ou internacionalmente). Para conferir solidez empírica à especulação teórica, toma-se como objeto de análise a representação do “romance de 30” no Brasil pela historiografia literária recente e o cotejo de algumas obras representativas do período, ambos (a microscopia e a macroscopia) a serem historicizados sob duas perspectivas de fundo: a singularidade do “romance de 30” na história do romance brasileiro (conforme discernida, por exemplo, por um Luís Bueno), e a singularidade do romance brasileiro e latino-americano na história do romance moderno (conforme discernida por Flora Süssekind e Roberto González Echevarría).