Deve-se repensar o status ocupado pelo dramaturgo gaúcho Qorpo-Santo (1829-1883) dentro do panorama dramático brasileiro. Questionar tal posição advém do fato de sua dramaturgia não encontrar um lugar preciso dentro da história do nosso teatro, pois no que se refere à fortuna crítica do teatrólogo, é muito comum que se o associe às estéticas dramáticas posteriores a ele, tomando-o como um precursor de práticas radicais do teatro de vanguarda e, portanto, incompreensível a seus contemporâneos. As excentricidades de seus textos resvalam na suposta criatividade indômita do autor, que não teria sofrido qualquer censura, já que suas peças não foram encenadas no momento de concepção e sim cem anos depois, não sendo, pois, submetidas ao duro crivo do público. Encarado como um louco por seus contemporâneos e como um gênio pelos críticos do século XX, Qorpo-Santo ocupa um entre-lugar que o isola e o limita.