O motivo do duplo é um dos mais fascinantes da literatura fantástica. Através dele, o leitor observa o confronto perturbador entre uma personagem e outra face de si mesma. O romance O retrato de Dorian Gray, do escritor irlandês Oscar Wilde, converge para o motivo do duplo na relação conflituosa que se estabelece entre Dorian Gray e o retrato com o qual é presenteado no auge de sua juventude. Inexplicavelmente, o modelo continua a exibir, por anos a fio, o frescor de sua adolescência, enquanto a imagem na tela passa a sofrer as consequências físicas de todos os maus atos por ele praticados ao longo da vida. O verdadeiro Dorian Gray, aquele que ninguém vê, o vilão assassino, frio e perverso que está impresso no retrato, não pode ser simplesmente ignorado pelo homem que exibe uma beleza eterna: estebelece-se, desta forma, o conflito fatal entre Dorian Gray e seu duplo. Nesse trabalho, destacaremos a presença do fantástico no citado romance, através do motivo do duplo. Para tanto, realizaremos uma pesquisa de caráter bibliográfico, em que se destacam, como aporte teórico, os estudos de Freud (1996) e Todorov (2008).