No poema A morte absoluta, presente em Lira dos cinquenta‘anos, Manuel Bandeira expõe o desejo do anonimato enquanto forma de se contrapor a um mundo de eternas lembranças. O desejo expresso pelo poeta recifense tem caracterizado a condição, também absoluta, do proletariado brasileiro. Luiz Ruffato parece se insurgir contra esse esquecimento em sua saga Inferno provisório na qual reconstrói os caminhos desse grupo social na passagem de uma sociedade com características ainda feudais para uma sociedade pós-industrial de periferia. Nessa comunicação, pretende-se surpreender o movimento de resgate da memória, empreendido pelo autor mineiro, no episódio Mirim de Domingos sem Deus, além de considerar o trabalho crítico de Ruffato no circuito literário contemporâneo. Busca-se analisar a sua proposição autoral de dar visibilidade a uma camada esquecida da literatura brasileira por meio do confronto entre o texto literário e a atuação do autor enquanto produtor de ensaios, resenhas, antologias, entre outros documentos de intervenção.