Livro de consagração definitiva de Cecília Meireles na literatura brasileira, Viagem, de 1939, compõe-se de poemas líricos escritos ao longo de dez anos de atividade poética. De lá para cá, recebeu críticas elogiosas de poetas e críticos brasileiros, mas ainda é pouco estudado, dada a sua singularidade atonal, de timbre a um só tempo clássico e moderno. Pode-se mesmo afirmar que Cecília consegue, neste livro, revisitar o clássico graças, inclusive, à retomada dos epigramas, que são de origem grega e latina, e que pontuam todo o livro, intercalando-se entre os demais poemas. Neste estudo, pretendemos, pois, estabelecer a função deste elemento greco-romano no referido livro de poemas, através de uma abordagem comparativa, como também deslindar a nova roupagem deste gênero poético tão antigo.