O jornalista, político, diplomata e escritor paraense João Marques de Carvalho nasceu em Belém, no estado do Pará, no dia 6 de novembro de 1866, e faleceu em Nice, no sul da França, no dia 11 de abril de 1910, aos 43 anos. Dedicou ainda grande parte de sua vida ao jornalismo. Não apenas foi colaborador de alguns periódicos que fizeram parte da constituição da história da imprensa jornalística belenense, entre os quais se destacam A Província do Pará, A República e Diário de Belém, como também foi fundador de alguns periódicos de pequeno porte e vida efêmera, entre os quais se mencionam A Arena e Comércio do Pará. Aliou sua carreira de jornalista à de escritor e soube se aproveitar de um espaço específico dos jornais muito utilizado por alguns escritores estrangeiros e nacionais para divulgação de parte de sua prosa de ficção. Esse espaço era conhecido como a coluna Folhetim. No rodapé das páginas jornal A Província do Pará, apenas no ano de 1885, o escritor paraense publicou os contos “A Cereja”, “A gruta do amor”, “A comédia do amor” e “Que bom marido!...”, além do romance “A leviana: a história de um coração” e das lendas “A fada malévola” e “A rocha do desespero”. No ano seguinte, em 1886, lançou na coluna Folhetim a lenda “O boto”. No ano de 1887, divulgou na seção Ciências, Letras e Artes o conto “Ao despertar”. Em 1889, publicou no pé da página os contos “No baile do comendador” e “Gaivotas”. Um ano depois, em 1890, lançou o conto “Posições”. Muito mais tarde, em 1897, divulgou também o texto “Conto de Natal”. Em 1898, publicou os contos “Um como tantos” e “Colisões”. Em 1899, finalmente, lançou os contos “O fim do mundo” e “A neta da cabocla de Ourém”. Nesses textos, é possível perceber que há uma mudança do espaço da narrativa. Nos primeiros contos “A Cereja” e “A comédia do Amor”, por exemplo, o enredo é ambientado em cidades de Portugal, como Porto e Peso da Régua. No conto “Que bom marido!...”, por sua vez, a intriga já começa a se desenrolar em Belém do Grão-Pará. Considerando-se, portanto, essa alternância de espaço ficcional nos textos de Marques de Carvalho, objetiva-se, com este trabalho, analisar as escolhas do ambiente narrativo pelo escritor paraense para se compreender o fazer literário de sua prosa de ficção.