Este trabalho aborda as complexas relações entre identidades nacionais, conforme perspectiva segundo a qual tais identidades são movimentadas e flexibilizadas em um processo de negociação cultural. Nesse processo, adquirem grande destaque os usos que os diversos grupos identitários fazem das representações de si e de suas alteridades. Tais usos podem ser, no fundo, estratégias eficazes de legitimação ou de subversão de estados de poder e de hierarquia cultural. Nesse sentido, discutimos os modos como em Amar: verbo intransitivo (2002) de Mário de Andrade ocorre tal processo de negociação, tendo como ponto de partida a dinâmica de representações operada pelo jogo de nomes Elza/Fräulain. Tal jogo representa a tentativa, por parte da personagem, de se inserir ativamente no processo de negociação entre grupos identitários diversos. Processo este que é balizado por questão relativas à sexualidade, ao gênero e às representações do nacional. Para tanto, a noção de suplemento (DERRIDA, 1971) e a de ambivalência (BHABHA, 1998) são importantes por permitirem considerar os discursos identitários não coincidentes que, no romance, agregam-se produtivamente ao nome Fräulain.