MAGRI, Ieda Maria. A biblioteca latino-americana de roberto bolaño. Anais ABRALIC Internacional... Campina Grande: Realize Editora, 2013. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/4338>. Acesso em: 07/11/2024 07:26
Roberto Bolaño, escritor que se individualizou no contexto literário recente pela experiência radical de sua literatura, pode ser considerado o “escritor latino-americano” por excelência, um dos únicos entre nós a realizar a passagem entre as literaturas nacionais e apropriar-se delas no sentido de uma literatura comum. A partir de sua “existência literária” (o termo é de Pascale Casanova) no mercado mundial, coloca em marcha uma prática concreta em direção ao atributo estético de obras e autores que considera representativos da América Latina dos anos 2000: sua questão é destituir certas obras elevadas pelo mercado à categoria de obras-primas para que se coloque em seu lugar correspondentes estéticos não vistos e, portanto, inexistentes ao olhar legitimador. A hipótese que defendo nesta comunicação é que Bolaño, a partir da uma ideia de literatura comum, interfere concretamente no sistema literário recomendando autores que passam a ser editados e modificando uma visão europeia da literatura aqui feita, ainda estagnada, segundo ele, nos representantes do boom de 1960 ou em escritores que investem no exótico e no vendável de uma imagem latino-americana amenizadora.