A palavra lírica “espera” é que marca Ode descontínua e remota para flauta e oboé. De Ariana para Dionísio de Hilda Hilst, publicado pela Editora Globo, organizado por Alcir Pécora no volume Júbilo, memória, noviciado da paixão. Esta obra estabelece um construto na ordem do sensível e do inteligível porque promove um desdobramento provocador para a crítica. Os poemas contidos neste livro, em especial na seção citada, conotam uma intensidade de tons da poesia amorosa, não como derramamento sentimental, mas como construção sutil de ausência. Sabemos que a poesia sempre transita pelas questões da existência humana e da própria existência poética, porque o lírico representa a condição anímica do ser, e o trabalho da crítica é o de atualizar a obra como processo de sentidos no tempo e no espaço, que se manifesta em vários matizes. A persona lírica de Hilda Hilst além de problematizar questões a respeito do ser da poesia, questiona o efêmero e o transitório por meio de procedimentos singulares de construção poética que traça conexões entre passado e presente. Nesse sentido, pretendo discutir os aspectos acima citados na obra de Hilda Hilst por meio das reflexões sobre a crítica de arte pressupostas por Walter Benjamin, numa leitura que faz dos primeiros românticos alemães é que vão nos orientar neste texto. Segundo o autor, o trabalho crítico é um processo que se constrói por meio do experimento com a obra artística.