Caio Fernando Abreu é considerado o primeiro escritor brasileiro a tematizar a AIDS e ele o faz de forma muito sutil em boa parte de sua obra, principalmente quando ele se refere à decadência do corpo de seus personagens em detrimento da doença. Nosso objetivo neste artigo é realizar um mapeamento do impacto da AIDS na relação afetiva e sexual dos personagens homossexuais em contos de Caio Fernando Abreu, de modo a evidenciar duas perspectivas em relação à doença: uma negativa e outra positiva, que nos revela a possibilidade de novas formas de afetividade e erotismo entre sujeitos contaminados pelo vírus letal da AIDS, cujas representações sociais, morais e biológicas ainda hoje influenciam certos discursos e representações sociais, cujas imagens, prenhes de significação, produzem, por vezes, representações negativas e/ou distorcidas acerca da doença, seus efeitos e sintomas, e, principalmente, sobre aqueles que são portadores do vírus HIV. São representações que precisam ser questionadas para que possamos redefinir essas interpretações, suas condições de produção e circulação em nosso meio social.