Chile, início da década de 20, o porto de Valparaíso, para o olhar do “literato” da cidade –Joaquín Edwards Bello- prêmio Nacional de Literatura (1943) e Jornalismo (1959), se desvenda como “a sede da inquietude e da evolução” onde tudo é novidade. Ao contrário da Capital, Santiago, que conserva a herança colonial espanhola, a cidade de Valparaíso, capital da província com o mesmo nome, a cem quilômetros da sede presidencial, é uma original mistura de artefatos e estruturas da modernidade alemã, belga, inglesa e norte-americana. A cidade do comércio, Pérola do Pacífico, se abre para a modernidade anglo-saxão. Nas ruas estreitas do centro bancário, todos falam da Bolsa, mas ninguém menciona a Literatura: “em Valparaíso não há arte”, “o jardim não tem amor, e até os passarinhos parecem cantar números”. A crônica de Edwards Bello clama por “um futuro próximo ou distante” em que o porto será a capital Nobel da Poesia chilena.