O objetivo do presente trabalho é tratar da relação entre ficção, história e memória da Guerra de Angola, do ponto de vista do soldado português, no romance Os Cus de Judas, de Antonio Lobo Antunes, e do guerrilheiro angolano, no romance A Geração da Utopia, de Pepetela.Pretendemos, então, analisar como a história da guerra em Angola pode ser recontada a partir de dois pontos de vista completamente diferentes, ou seja, o do soldado português que foi enviado para combater os revolucionários, e do guerrilheiro angolano que lutou contra as tropas portuguesas pela independência de Angola. Partimos da hipótese de que apesar de diferentes, os narradores, que representam os dois pontos de vista, utilizam estratégias narrativas bastante semelhantes, uma vez que ambos recorrem à memória do passado para rever a história através da obra de ficção. Outro ponto em comum, a nosso ver, seria a reflexão que ambos fazem a respeito do significado e consequências daquela guerra.