Tem-se como foco de estudo duas obras literárias de Clarice Lispector, Água viva (1973) e Estudo sobre cavalos, ainda inédita, sem data de produção, encontrada entre os vários materiais da escritora alocados em seu arquivo no Museu Casa de Rui Barbosa, Rio de Janeiro. As reflexões dialógicas giram em torno da figura obsessiva do cavalo, buscando identificar o processo de metamorfose desejada e sofrida pelas personagens de ambas as obras, que também são suas narradoras. Os aspectos metodológicos teórico-bibliográficos pretendem demonstrar que, embora o cavalo assuma simbologias variadas e complexas, nessas obras, suas manifestações se unem e revelam o instante-já, seja sob os raios dourados do sol ou sob as trevas noturnas, onde as narradoras evoluem da condição humana para a animalizada, num êxtase ritualístico. Os estudos comparativos fundamentam e permitem a análise dessa metamorfose, tendo em vista que os recortes apresentados justificam e orientam tal interpretação.