O cobrador, texto de Rubem Fonseca, expõe as vicissitudes da sociedade de consumo, mormente no âmbito urbano. O conflito instaurado pela negação do acesso universal aos bens materiais e imateriais, aliado à ideia de felicidade pela posse de tais bens, desencadeia o desejo brutal do protagonista de exigir o que lhe falta. Insurgindo-se contra a realidade, faz justiça com as próprias mãos. Não obstante isso, a violência plasmada no conto corporifica-se de várias formas, haja vista que a irrupção dos sentimentos do Cobrador consubstancia essa metamorfose. O presente trabalho objetiva desenvolver uma análise das ações do anti-herói fonsequiano, a partir de alguns episódios, tomando como ponto de referência as suas relações intersubjetivas, especialmente a engendrada com Ana Palindrômica. Com efeito, os afetos reverberam na ação violenta do referido personagem, ressignificando-a.