Nas literaturas infanto-juvenis afro-brasileiras, o tema da identidade é onipresente mesmo quando não expressamente nomeado. Eventos como o passado colonial, a escravidão, o tráfico negreiro, a dominação estrangeira e a etinicidade de cada um, penetram ou estão latentes em todas as relações humanas e em todas as decisões particulares e políticas. Partindo dessa perspectiva, temos a identidade como a concordância ou a ligação do indivíduo entre ele mesmo e a sociedade. Apesar da Lei 10.639/2003 e 11.645/2008 que estabelecem a importância de se trabalhar a cultura negra nos seu mais variados aspectos, percebemos que ainda há um longocaminho a ser percorrido. Destacar a importância da inclusão da temática da cultura afro-brasileira nas escolas ainda é um grande desafio. Por isso, cabe aos educadores usar as estratégias necessárias para abordar a importância do negro em nossa sociedade de forma significativa. Dessa forma, O presente artigo discute a posição de duas obras da literatura infanto-juvenil. Uma dos anos 90, Tonico e Carniça de José Rezende Filho e Assis Brasil e outra contemporânea Menina Bonita do Laço de Fita, de Ana Maria Machado. As obras mostram a presença de estereótipos da cultura branca dominante, atrelados às várias formas de resistência e afirmação identitária. Em um primeiro momento, apresentaremos a condição negra como objeto em uma visão distanciada e reprimida de grupos historicamente desfavorecidos e marginalizados, encontrando-se em posição de extrema violência, vulnerabilidade e impossibilidade de resgatar uma identidade positiva para almejar um futuro promissor. Em um segundo momento, apresentaremos uma obra com uma visão renovada reivindicando a diferença, preenchendo lacunas, denunciando a discriminação e desconstruindo estereótipos. A compreensão dessas obras é de suma importância para combater a discriminação racial, sobretudo pela possibilidade de abrir caminhos e espaços diversificados para a afirmação, via literatura, de uma identidade coletiva.