GARCIA, Rafael Marques. . Anais IV CONEDU... Campina Grande: Realize Editora, 2017. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/38909>. Acesso em: 22/11/2024 06:07
A escola é um espaço social que, assim como a política, a religião, a família e a comunidade, atua na regulação, normatização e policiamento das manifestações de gênero e sexualidades. Assim sendo, a Educação Física escolar enquanto componente curricular desta esfera legitima, também, corpos masculinos e femininos segundo uma ótica binária, heteronormativa e, sobretudo, regulada por mecanismos de poder. Objetiva-se aqui relatar a experiência do autor enquanto estagiário de Educação Física escolar tendo como questão a investigar como se dão as relações de gênero e sexualidades nas aulas de Educação Física escolar em uma escola municipal da Ilha do Governador/RJ? A metodologia utilizada foi de caráter descritivo e qualitativa. Os dados foram coletados através da observação participante durante as aulas de Educação Física em uma escola municipal da referida região, posteriormente transcritos em um diário de campo e analisados através da técnica de análise de conteúdo. Traz-se para discussão dois episódios, onde emergem manifestações desviantes dos padrões clássicos esperados para meninos e sua(s) masculinidade(s), o que desencadeia condutas de estranhamento, não pertencimento e não aceitação deste tipo de expressão em determinado grupo. Ainda, o desatento do olhar docente para tratar do assunto contribui para legitimar, naturalizar e favorecer a cristalização de preceitos heteronormativos já arraigados nos discursos controladores das sexualidades, permitindo assim o estabelecimento, manutenção e retroalimentação de hierarquias identitárias. A implementação de currículos e pedagogias queer emerge como uma alternativa necessária importante, não para instituir novas hierarquias, mas sim para desnaturalizar, descristalizar e desconstruir tais certificações que ratificam as condutas supracitadas.