Este artigo tem por objetivo analisar, nas vozes dos protagonista e antagonista, de O vampiro que descobriu o Brasil, de Ivan Jaf, a refração ideológica de “poder” e “imortalidade”, desde o colonialismo à contemporaneidade, pelo viés da literatura. A obra tem um papel importante na compreensão do homem e da sociedade, uma vez que trata de uma abordagem estética da história política brasileira, envolvendo personagens sobrenaturais como possibilidade de resistir aos acontecimentos históricos e ultrapassar os limites biológicos do homem para desvendar a relação entre a sociedade e seus governantes, ao longo de cinco séculos, de forma humorada. Em busca de recuperar a mortalidade, o protagonista conduz o leitor, da situação inicial ao desfecho da narrativa, a refletir sobre as antíteses e paradoxos presentes na cultura humana: o bem e o mal, a virtude e o pecado, o sagrado e o profano, a vida e a morte, o prazer e a contenção do desejo, a ficção e a realidade, a morte do imortal. A materialização das ideias contidas na obra literária será analisada sob os limites do gênero textual/discursivo novela, refletindo o enfoque sociológico presente na narrativa. A metodologia deste estudo deu-se através da análise da obra literária supracitada e de pesquisas bibliográficas, cuja ancoragem teórica baseou-se nos estudos de Gancho (1991) e Massaud Moisés (2006), sobre os elementos composicionais do gênero novela; Bakhtin (2000), Candido (2006) e Silva (2009), sobre a crítica sociológica da literatura. O estudo apresenta possibilidades de representação do homem e suas relações de poder na sociedade, através da identidade assumida pelas personagens em diferentes contextos históricos, corroborando a construção da identidade política brasileira.