Pautados nas perspectivas de Bakhtin ([1953] 2011), compreendemos que não há comunicação que não seja por meio de gêneros discursivos e, portanto não somente é arregrado a uma língua em específico. No caso da pessoa surda, as línguas – de sinais e portuguesa – compartilham o mesmo espaço e tempo nas diferentes esferas de atividade e que possuem forças socioculturais e ideológicas assimétricas. Dessa forma, este artigo tem como objetivo investigar como se dá o uso e o reconhecimento dos gêneros discursivos a partir de práticas de (multi) letramentos por parte dos sujeitos surdos da cidade de Caraúbas – RN. Nossa base teórica utilizada é de Bakhtin (2011), para a compreensão de gêneros discursivos; Rojo (2012) sobre a pedagogia dos multiletramentos; e Quadros (2004) sobre a língua de sinais e sua estrutura. Para atingirmos o nosso objetivo, fizemos uso de metodologia descritiva-exploratória na investigação sobre os gêneros, como a comunidade surda reconhece e usa, para assim pensarmos no ensino para essa comunidade, que está inserida nos espaços escolares, mas ainda são nebulosos os procedimentos de ensino para ela. Os resultados, ainda incipientes, apontam para um leque de gêneros reconhecidos e usados pela comunidade surda estudada. Dessa forma, percebemos que, nesse processo gradativo de constantes letramentos e multiletramentos, a recorrência de gêneros que são associados aos aspectos sociais e culturais mostram neste trabalho, reflexos – por mais que iniciais – de como podemos pensar no ensino dos sujeitos surdos, levando em conta os aspectos sociais e linguísticos desse povo, em consideração a multiculturalidade sempre existente nos espaços escolares.