ABREU, Erica Thereza Farias. Comentarios reales: um tecido de fronteiras. Anais IV SINALGE... Campina Grande: Realize Editora, 2017. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/27279>. Acesso em: 27/12/2024 12:40
Durante o período colonial na América Latina os embates entre oralidade e escrita, voz e silêncio, latim/castelhano e línguas nativas revelam as nuances de um “encontro” conflitante que resultou em deslocamentos e reorganização de imaginários. A literatura peruana, como parte desse sistema literário, indica-nos os caminhos de como as manifestações artísticas podem recriar e reordenar o real. Sob o recorte dos Comentarios Reales procuramos nessa pesquisa analisar como é erguida a obra e que estratégias utiliza o autor para “representar a história” da conquista. É nesta condição que um mestiço, habitante do entrelugar, indivíduo com duplo inventário cultural usa do desejo de contar, como diz FUENTES (1984), para dar letra a voz e para rever a voz das letras. Pupo-Walker (2006) e Polar (2000) situam a obra do Inca Garcilaso como uma das fundadoras do discurso cultural do continente, para analisar tal obra nos valeremos dos estudos de Orlandi (2008) e Mary Pratt (1997) sobre os discursos da colonização, bem como de Chang-Rodríguez, que passa por tal tópico e adentra a questão da formação do autor. Esta por sua vez, fornece-nos material para analisar os influxos desta na obra, elucidando sua composição dialógica. Para o trabalho com os pares de análise levantados, será de grande valia para o tema da oralidade-escritura a discussão tecida com Lienhard (1990), Rama (2015) e Mignolo (1996). No tocante a questão das línguas nativas, aportamos as leituras de Cerrón-Palomino (2013) e Miró-Quesada (1948). Para a discussão do par letra-voz, temos as contribuições com Zumthor (2006), Morveli (2008) , Ong (1994) além de Houis (1980). O último duplo — memória-história — será discutido, por meio da leitura de Nora (1993), Halbwachs (2003) e Le Goff (2013). A pesquisa encontra-se em andamento, sendo assim procuraremos apenas observar nas leituras (dentro desta etapa de investigação) aquilo que, em nossa perspectiva teórica, poderia corroborar ou negar as hipóteses de trabalho em relação aos pares tomados para análise.