A oralidade é a modalidade da língua mais empregada nas interações comunicativas cotidianas, porém, ainda é muito pouco explorada nas salas de aula de Língua Portuguesa como objeto de ensino e aprendizagem, ao contrário do que ocorre com a escrita, haja vista todo um processo histórico que conferiu a esta um lugar de supremacia linguística. Como resultado da supervalorização da escrita em detrimento da fala, temos uma modalidade muito usada e pouco conhecida no que se refere aos seus aspectos básicos e características inerentes. A tira em quadrinhos, considerada como gênero multimodal por apresentar em sua composição mais de um código semiótico, que são o código verbal e o não verbal, ambos imprescindíveis à construção do sentido desse gênero, assemelha-se em diversos aspectos com as conversações, sobretudo as que acontecem face a face, uma vez que nessas interações o indivíduo também recorre ao uso de elementos não verbais, como a gestualidade, a prosódia. Nesse contexto, o objetivo deste artigo é apresentar um conjunto de elementos e de características típicos da oralidade que podem ser observados em textos que não pertencem a essa mesma modalidade da língua, neste caso, tratamos especificamente da tira em quadrinho, cujo código linguístico utilizado é o escrito e não o oral. Para isso, fez-se necessário a identificação e análise das características do gênero em questão buscando nelas alguma relação de similaridade com as construções orais. Como resultado desse processo, obtivemos um material que pode ser usado como suporte didático para que professores de Língua Portuguesa possam utilizar a tira em quadrinho como um instrumento que viabilize a didatização da oralidade em sala de aula.