Este trabalho tem como objetivo apresentar os resultados de um estudo que visa discutir, a partir de dois contos do livro Sete Monstros Brasileiros, de Bráulio Tavares, como se dá o diálogo entre a tradição oral e a erudita. Tal discussão foi feita a fim de identificar os elementos da tradição que são potencializados pelo escritor e que reverberações podem ter para o leitor, sobretudo, em contexto de ensino-aprendizagem de Língua Portuguesa. Essa discussão se justifica porque a literatura fantástica (TAVARES, 2014), em sentido amplo, muito se alimenta de personagens das mitologias gregas, das tradições celtas e de seres inéditos e exóticos. No entanto, pouco se lê sobre os seres fantásticos criados e reproduzidos na tradição da literatura oral brasileira. Instigado pela riqueza dessa tradição, Bráulio Tavares escreveu em sete contos histórias inspiradas nas criaturas monstruosas da mitologia brasileira, compondo assim uma coletânea de aventuras protagonizadas por alguns de nossos personagens conhecidos pela tradição oral, como o papa-figo, o lobisomem e a Iara. Fundamentamos este trabalho em reflexões sobre a teoria do conto (GOTLIB, 1988) e na literatura oral (CASCUDO, 1984).