Uma fantasia pode carrear afetos agradáveis; da mesma maneira, outras, assaz primitivas, podem conduzir o sujeito à dor e à frustração. Para entender as configurações da culpa na obra O Pequeno Príncipe, um dos mais célebres textos que abordam a necessidade inconsciente de punição advinda deste sentimento, recorreremos aos estudos desenvolvidos por Melanie Klein, em especial, o texto Amor, Culpa e Reparação. Discernimento crucial em psicanálise, a culpa é tida como um ‘evento’ universal, ao mesmo tempo em que se relaciona com a submissão do sujeito à lei. Apresentando-se como sombrio e dotado de um sentimento de estagnação que o leva a sofrer, o protagonista tem, como mais memorável, a opção pelo suicídio, ao alcançar o estado consciente e individual de sua culpa. Assim, nossa investigação busca entender de que modo as representações do amor e do ódio fazem com que o protagonista queira expiar sua incômoda culpa. De que maneira esse sentimento surge como novo elemento na relação entre os personagens, desencadeando os mais fortes impulsos destrutivos. Ademais, procuraremos estabelecer pontos de convergência com o ensino, sobretudo no que concerne à inserção d’O pequeno príncipe em sala de aula.