A velhice foi vista tradicionalmente como um momento de espera, de passividade, no qual não mais se produzia, e os idosos eram meros telespectadores do curso da vida. Entretanto, no século XXI emergiu uma nova concepção para a velhice, que passou a ser considerada “a melhor idade”, julgando os idosos capazes de realizar atividades que antes eram voltadas apenas para os jovens. Na contemporaneidade, os idosos têm uma vida ativa, saudável, física e mentalmente, e são capazes de produzir conhecimentos necessários para o progresso da humanidade. Esta é a “verdade da época”, segundo Michel Foucault, aqueles que eram desmerecidos em tempos passados, hoje são valorizados. Diante deste novo olhar sobre a velhice, objetivamos analisar de que forma a identidade do sujeito idoso se transforma. Fundamentados na perspectiva teórica da Análise do Discurso de linha francesa, e usando por base as crônicas “Gagá”, “Vinte e cinco anos de casados” e “O netinho, de Nelson Rodrigues, publicadas na obra “A vida como ela é”, procuramos discutir as faces da velhice no mundo moderno e desmistificá-la diante dos estereótipos que ainda permanecem vivos na sociedade. Os processos que envolvem os sujeitos no seu contexto sócio-histórico são fatores de reflexão tanto no ambiente escolar quanto nos demais espaços sociais, tais discussões possibilitam o surgimento/compreensão de novos conceitos e a extinção de antigos preconceitos, que promovem segregações entre os grupos por meio da faixa etária de seus integrantes.