O presente artigo traz reflexões sobre o ensino de língua portuguesa para alunos surdos, a partir de um relato de experiência de um trabalho com o gênero bilhete desenvolvido em uma turma de 8º ano da Escola de Audiocomunicação Demóstenes Cunha Lima – EDAC. Este trabalho traz um breve contexto histórico, filosófico e cultual da educação dos surdos, reflexões sobre o processo de Ensino/aprendizagem do português como segunda língua para alunos surdos e, por fim, a socialização da experiência com o gênero convite junto aos alunos da EDAC. Defendendo a proposta filosófica que norteia a educação bilíngue para surdos, o presente estudo vem ratificar a ideia de que as dificuldades apresentadas pelos alunos surdos no que diz respeito à aquisição da língua portuguesa resultam, na maioria dos casos, de práticas pedagógicas distorcidas, que desconsideram as peculiaridades linguísticas dos alunos surdos. Sendo assim, o professor precisa ter clareza de que a língua natural dos surdos, a Libras, é diferente da língua portuguesa, sendo uma de modalidade espacial-visual e a outra oral-auditiva. Portanto, essas duas línguas apresentam estruturas diferentes. Nessa perspectiva, desenvolveu-se o trabalho com o gênero bilhete na EDAC e dessa experiência resultou a convicção de que se os surdos compreenderem os textos sociais a partir de sua língua ficará mais fácil a construção de uma segunda língua e aumentarão as possibilidades da alfabetização em português. Além disso, foi possível observar a necessidade de nortear o ensino da língua portuguesa de forma contextualizada, a partir dos gêneros textuais que circulam na sociedade e não através de palavras ou frases isoladas, levando em consideração a realidade e as necessidades sócio comunicativas dos sujeitos surdos.